Família denuncia xenofobia e negligência após bebê bater a cabeça ao nascer na recepção.
O que deveria ser um dos momentos mais felizes da vida de um casal brasileiro acabou se transformando em um episódio de desespero e indignação em Portugal. No último sábado, o pequeno Levi, filho de Frederico Werpel Fernandes e Fernanda, nasceu na recepção do Hospital Santos Silva, em Gaia — e caiu no chão logo após o parto, sem assistência médica adequada.
Segundo Frederico, consultor de marketing, o caso escancara uma combinação de xenofobia, burocracia e despreparo hospitalar. Ele relatou que, ao chegarem à unidade, sua esposa foi alvo de zombarias por estar com fortes dores.
“No primeiro atendimento, rolou xenofobia. Zombaram da minha esposa por reclamar, já que era o terceiro filho. Não deram crédito ao que ela estava sentindo”, contou o brasileiro ao Portugal Giro.
Mesmo após informar que Fernanda estava em trabalho de parto, o casal esperou sem atendimento enquanto funcionários seguiam protocolos administrativos. Frederico afirma ter pedido uma maca diversas vezes — em vão.
“Eu gritava por ajuda. Havia policiais e bombeiros no local, todos olhando passivamente. Uma cena revoltante”, desabafou.
Sem tempo para exames ou monitoramento, Fernanda acabou dando à luz no chão da recepção, sem qualquer suporte médico. O bebê bateu com a cabeça no piso logo ao nascer.
Após o incidente, Levi foi submetido a duas tomografias e exames de sangue, que não apontaram hemorragia interna. Mesmo assim, o recém-nascido permaneceu em observação no hospital.
“Como ele bateu a cabeça, decidiram manter internado mais um dia. Se tudo estiver bem, terá alta amanhã”, afirmou o pai.
Frederico formalizou queixa junto ao hospital, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e à Ordem dos Médicos, denunciando o descumprimento de protocolos de emergência. No documento, destacou que a equipe “ignorou a urgência da situação” e “submeteu a parturiente a procedimentos administrativos enquanto sofria em dor extrema”.
Em nota oficial, o Hospital Santos Silva informou que o parto não era previsível, afirmando que o exame inicial indicava que a paciente “não estava em fase ativa de trabalho de parto”.
Enquanto Levi se recupera, o caso segue em investigação — e levanta, mais uma vez, o debate sobre o atendimento a estrangeiros no sistema público de saúde português.