O influencer de medicina chinesa Peter Liu foi condenado em 1ª instância pelo TRT de Campinas por manter uma mulher de 59 anos em situação análoga à escravidão por três décadas, com rotina de 15h de trabalho diário sem salário.
Escravidão Moderna: A Condenação de Peter Liu
O influencer de medicina chinesa Peter Liu, que possui milhões de seguidores em plataformas como YouTube e Instagram, foi condenado em primeira instância pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas por um crime de extrema gravidade: manter uma mulher em condição análoga à escravidão por cerca de 30 anos em sua residência.
A vítima, hoje com 59 anos, foi cooptada em Pernambuco e submetida a uma rotina de trabalho exaustiva, chegando a aproximadamente 15 horas por dia. Segundo os relatos do processo:
Jornada Exaustiva: Ela começava a trabalhar às 7h e só tinha permissão para se alimentar às 22h, ao final do expediente.
Serviços Contínuos: Em uma ocasião, ela foi acordada de madrugada pelo filho do casal Liu para preparar lanches.
Alojamento Precário: Em alguns períodos, era obrigada a dormir na maca do consultório de medicina chinesa que funcionava na casa. Em outros momentos, sua cama estava em um depósito de materiais.
Ausência de Cuidados Médicos: A filha de Peter relatou no processo que a empregada chegou a ser picada por um animal peçonhento na residência e não recebeu o devido auxílio médico.
Ausência de Salário e Atuação na Clínica
Durante as três décadas, a mulher não recebia salário. O único dinheiro que chegava às suas mãos eram os trocados que sobravam das compras que ela fazia para a família Liu. Além dos afazeres domésticos, ela foi forçada a trabalhar como secretária na clínica de Peter, preparando pacientes e sendo introduzida a conceitos básicos de terapias orientais.
A Defesa e a Posição da Família
Peter Liu, em contato com a imprensa, tentou se eximir da responsabilidade, alegando que a mulher era funcionária de sua ex-mulher e que não tinha contato com ela há mais de 20 anos. Contudo, fotos anexadas ao processo desmentem o influencer, mostrando-o ao lado da vítima em 2018.
Peter, sua ex-mulher Jane, e os filhos Davi e Anni, foram condenados em primeira instância pelo crime de reduzir alguém a condição análoga à escravidão. A família foi sentenciada a pagar R$ 400 mil à ex-empregada.
A defesa de Peter, Davi e Jane recorre, negando vínculo trabalhista. Já a filha Anni, com quem a vítima reside atualmente, busca ser excluída do processo, alegando que, ao tomar conhecimento da situação, tomou medidas de apoio (como pagar terapia) e incentivou a socialização da vítima.
