Este câncer infantil, raro e extremamente agressivo, apresenta um dos piores prognósticos entre os tumores pediátricos. Quando a recidiva ocorre, a taxa de sobrevivência é alarmantemente baixa: nove em cada dez crianças não sobrevivem.
Essa realidade trágica sublinha a urgência na busca por novas e mais eficientes estratégias terapêuticas. A boa notícia é que a equipe identificou uma combinação de medicamentos capaz de atacar células tumorais que desenvolveram resistência à quimioterapia padrão.
Neuroblastoma: Um Desafio no Câncer Infantil
O neuroblastoma tem origem em células nervosas, localizadas principalmente nas glândulas suprarrenais ou ao longo da coluna vertebral. Geralmente, é diagnosticado em crianças muito pequenas, o que torna o manejo ainda mais delicado.
Enquanto os casos de baixo risco frequentemente têm excelentes chances de cura, metade dos pacientes recebe o diagnóstico já em estágio avançado. Uma parcela significativa não responde aos tratamentos iniciais, e muitos que respondem enfrentam a temida volta do tumor.
Desvendando a Resistência à Quimioterapia
Para compreender o complexo mecanismo por trás dessa resistência, os pesquisadores realizaram um estudo comparativo. Eles analisaram amostras de tumor coletadas tanto no momento do diagnóstico inicial quanto na fase de recidiva.
O estudo revelou que muitos quimioterápicos dependem de um mecanismo celular específico para induzir a morte das células doentes. Este mecanismo é conhecido como via JNK.
A Via JNK e a Falha dos Tratamentos Padrão
A pesquisa demonstrou que a via JNK falha em tumores reincidentes. Essa falha compromete drasticamente a eficácia do tratamento do câncer infantil, deixando poucas opções para os pacientes.
Com essa descoberta crucial, a equipe se dedicou a encontrar medicamentos que operassem por caminhos distintos. O objetivo era claro: conseguir eliminar as células cancerígenas mesmo quando a via JNK, o mecanismo habitual, está bloqueada.
Romidepsina e a Combinação Promissora
Os cientistas analisaram uma vasta lista de fármacos já aprovados, com dados de segurança pediátrica estabelecidos. Entre eles, a romidepsina emergiu como um destaque notável.
A romidepsina demonstrou a capacidade de agir contra as células de neuroblastoma de forma independente da via JNK. Em uma colaboração estratégica com o Instituto de Câncer Infantil, a associação deste fármaco com a quimioterapia convencional foi testada em modelos animais.
Resultados Animadores e Próximos Passos na Pesquisa
Os resultados, publicados na prestigiada revista Science Advances, foram extremamente promissores. A combinação de romidepsina e quimioterapia reduziu significativamente o crescimento dos tumores e aumentou o tempo de sobrevida dos animais.
Além disso, essa abordagem permitiu o uso de doses menores de quimioterapia sem comprometer a eficácia. Este é um avanço vital, pois abre a possibilidade de reduzir efeitos colaterais, um fator essencial para o bem-estar de pacientes pediátricos.
Apesar dos achados encorajadores, os pesquisadores enfatizam que mais estudos aprofundados são necessários. Os próximos passos incluem o ajuste dos esquemas de administração e testes rigorosos de segurança da combinação, antes que estudos clínicos em humanos possam ser considerados.
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