Nada como começar o ano letivo com uma boa e velha surpresa educacional. A Secretaria de Educação de Piracicaba decidiu — em um movimento digno de prêmio pela ousadia — trocar o material didático Poliedro, aquele reconhecido nacionalmente por seu rigor e excelência, por cartilhas “mais acessíveis”. Afinal, quem precisa de qualidade quando se pode ter economia, não é mesmo?
A nova gestão deixou claro: educação é, sim, prioridade. Só esqueceram de avisar se é prioridade para melhorar ou para cortar custos. A substituição do material causou reações calorosas entre os pais, que, em vez de agradecerem a economia dos cofres públicos, insistem em perguntar por que o ensino de seus filhos está sendo nivelado por baixo.
“Queremos uma educação de ponta”, disseram alguns pais. Mas, pelo visto, a Secretaria entendeu “educação com pouca conta”.
O Poliedro, aquele sistema utilizado por escolas que levam o Enem a sério, foi substituído por um material que ainda está sendo decifrado por professores e coordenadores — e provavelmente pelos alunos também, mas com dicionário em mãos.
A justificativa oficial? Tornar o conteúdo mais “acessível”. Porque, é claro, a melhor maneira de preparar nossas crianças para um futuro competitivo é oferecendo um material didático mais simples. Nada como uma boa cartilha “enxuta” para garantir que nossos estudantes estejam prontos para os vestibulares mais exigentes do país. Ironia? Imagina!
E como não rir (ou chorar) da fala institucional de que tudo foi pensado “para o bem pedagógico dos alunos”? Uma beleza! Até parece que baixar o nível de exigência vai fazer com que os alunos aprendam mais. Se fosse assim, já poderíamos declarar Piracicaba a nova Finlândia da educação mundial.
Enquanto isso, pais seguem sem entender como um sistema de ensino que funcionava, agora foi deixado de lado. Mas quem se importa? O importante é caber no orçamento. E se sobrar um troco, quem sabe sobra até para pintar uma escola ou colocar uma faixa com os dizeres “Educação: prioridade de verdade” — em letras garrafais, para compensar o conteúdo enxuto.
No fim das contas, a lição é clara: em Piracicaba, o futuro pode até não estar garantido, mas o improviso, esse sim, está assegurado.
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