Mal-Estar em Brasília: Silêncio de Hugo Motta Após Crítica de Lula ao Congresso Irrita Líderes da Câmara
Piracicaba, SP — A relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional azedou nos bastidores após uma fala contundente do presidente Lula na última quarta-feira (15).
A crítica direta ao "baixo nível" do Legislativo, feita na presença do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), gerou uma onda de frustração entre líderes parlamentares, que esperavam uma defesa imediata da instituição por parte de Motta.
O episódio ocorreu durante um evento em homenagem ao Dia do Professor, no Rio de Janeiro. Com Motta no mesmo palco, Lula não poupou palavras: "Hugo é presidente desse Congresso. Ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora. Aquela extrema direita que se elegeu é o que existe de pior", declarou o presidente.
Enquanto a militância petista presente vaiava Motta e gritava "sem anistia", o presidente da Câmara optou pelo silêncio no momento. Nos corredores de Brasília, a reação foi imediata.
Lideranças, que evitam criticá-lo publicamente, avaliaram que Motta deveria ter respondido na hora, defendendo a autonomia e a equivalência dos Poderes, independentemente de sua boa relação com o governo.
Posteriormente, em entrevista à GloboNews, Hugo Motta tentou apaziguar a situação. Ele afirmou ter entendido a fala de Lula não como um ataque generalizado, mas como uma "crítica mais à extrema direita". "Penso que essa polarização [...] acaba saindo do tom em diversos episódios", justificou.
A resposta, no entanto, não foi suficiente para acalmar os ânimos. Para muitos deputados, o episódio expôs a delicada posição de Motta, que precisa equilibrar a defesa institucional da Câmara com a articulação política junto a um presidente que não hesita em criticar abertamente o poder que ele comanda.