Caminhar pelo Centro de Piracicaba, ou mesmo pelos bairros, tornou-se um exercício melancólico. Não são apenas portas fechadas; são sonhos mortos. As placas de "Aluga-se" multiplicam-se como epitáfios, e o silêncio onde antes havia comércio é o som do nosso fracasso coletivo.
"E não, não foi um raio em céu azul. Está sendo um assassinato lento, com múltiplos agressores".
De um lado, temos a guilhotina da macroeconomia: juros pornográficos, inflação que corrói o poder de compra e as dívidas de uma pandemia que nunca nos deixou realmente. Some a isso o "custo Piracicaba" — aluguéis impraticáveis e impostos que punem quem ousa produzir. O sistema está desenhado para esmagar o pequeno.
Mas (e dói admitir) a faca também veio de dentro. Muitos negócios morreram de teimosia. Morreram por se recusarem a entender que estamos em 2025, e não em 1995. Morreram porque achavam que "marketing digital" era postar "bom dia" no grupo da família, e não ter um WhatsApp funcional ou um Instagram que venda.
Morreram de gestão amadora, sem saber precificar o próprio produto ou controlar o fluxo de caixa. O cliente mudou, buscou experiência, e encontrou apatia.
Enquanto isso, o poder público assiste à procissão fúnebre. O que esperamos da Prefeitura não é um milagre, é o básico: menos burocracia infernal para um alvará, incentivos fiscais (no IPTU, no ISS) para quem gera emprego, e um plano real para o Centro, que trate de segurança e estacionamento e não que arranque mais dinheiro.
Precisamos de um choque de realidade, unindo Sebrae e Acipi, para ensinar gestão antes que tenhamos mais lojistas do que caixões para enterrar.
